quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Formação Missionária: partilhando a missão

Olá Caríssimos Missionários, 

Hoje convidamos um seminarista para partilhar um pouco mais sobre missão conosco. Abaixo estão algumas perguntas que ele nos respondeu afim de nos animar em nossa missão dentro da IAM. 




Caro Irmão Douglas, conte-nos um pouco de você.
Chamo-me Douglas Antunes Lisboa, tenho 21 anos, atualmente estou cursando curso superior, fazendo filosofia no Seminário Maria Mater Ecclesiae do Brasil, em Itapecerica da Serra – SP, onde recebo a formação devida e necessária para um dia ser sacerdote, motivo pelo qual já estou me preparando e assim que concluí-lo, que será no próximo ano, 2016, então darei início a outro curso, o de teologia seguindo rumo à conclusão desta etapa tão favorável de formação em vista do sacerdócio. 


O  que te levou a escolher a vida religiosa consagrada a Deus? 
Foi justamente o desejo de não querer levar uma vida simples, baseada no ordinário: estudar, formar-se, casar-se, ter filhos e vê-los crescer, etc. Mas acima de tudo o que me levou a escolher ser consagrado foi o desejo de perceber que posso ser caminho que leva a salvação, luz que pode iluminar a tantas trevas nas quais se encontram tantos jovens imersos e perdidos, que posso ser a alegria que contagia a todas as pessoas pelo motivo de trazer em mim o próprio Cristo, de ser representante e agir na pessoa dele na vida daqueles que ainda não o conhecem ou que o conhecendo não se deixaram serem amigos Dele. O que me levou a escolher... Foi a entrega de mim mesmo para salvar à outros, o desprender-me de tantas coisas que não me fariam feliz, para encontrar em Jesus a verdadeira felicidade e mostrar para todo o mundo que ser de Cristo, e mais, que ser um jovem de Cristo, não vale somente a pena, mas sim toda a vida. 

Falando de missão agora, Papa Francisco, tem falado muito da igreja com rosto missionário, uma Igreja em saída, o que você pensa sobre isso?
Desde os anos em que Jesus passou por este chão e evangelizava juntamente com seus discípulos, a Igreja já se mostrava ser missionária. Aliás, o rosto dela era missionário. Atrair as pessoas, reunir multidões, pregar o Evangelho, falar sobre Deus, sobre seu amor e sua misericórdia, anunciar um mundo novo, renovar o desejo de servir nas pessoas, aumentar a fé, fazer crescer o amor ao próximo, principalmente aos pobres, perdoar os pecados, reconciliar com aquele que o ofendeu, e tantos outros flashes da passagem de Cristo sobre este chão pode nos mostrar que desde o momento do nosso batismo somos convidados a seguir a missão que nos foi confiada pelo próprio Jesus. Uma igreja em saída não quer dizer necessariamente sair da igreja, senão um sair de si mesmo, do seu bem estar, da sua comodidade, do seu ‘cantinho’, para perceber que fora de você existem tantas pessoas precisando de ajuda, de carinho, de afeto, de atenção, de serem ouvidas, de serem conhecidas e amadas. É isso que sempre nos pediu Cristo, é isso que nos pede a Igreja, que nos pede o Papa Francisco. 

Na sua cidade de origem ou aqui em São Paulo você já teve contato com algum grupo de (IAM) Infância e Adolescência Missionária? 
Na diocese onde agora pertenço não temos a IAM, por isso, nunca tive contato com algum grupo da Infância e Adolescência Missionária. Até antes de entrar no seminário o único grupo que fiz parte foi o de Jovens.  

Você se lembra de algum momento da sua infância que tenha sido evangelizado, ou tenha tido a consciência da importância de Deus na sua vida?
Somos evangelizados desde pequeno por nossos pais, com eles aprendemos o valor da oração e a importância de sermos amigos de Deus. A importância de Deus na minha vida aconteceu quando pela primeira vez participei de um dos retiros do grupo de jovens, lá eu senti verdadeiramente o desejo de me entregar a Cristo e do quanto só ele poderia fazer-me feliz se me doasse por inteiro todo a Ele. Além de reconhecer a importância de Deus, pude reconhecer a importância da vocação. 

O que você compartilha conosco, sobre a importância de evangelizar as crianças ainda tão pequenas? 
Como já dito anteriormente, nossos pais são os primeiros responsáveis pela nossa evangelização. Deles aprendemos o valor da oração e do contato de amigo de Deus. Pelo batismo nos tornamos filhos de Deus, e como filhos temos que procurar viver em obediência a esse pai, respeitá-lo, honrá-lo e acima de tudo, amá-lo. Passar as mais belas lições da vida cristã para uma criança ainda que seja pequena é como escutar o evangelho em que Cristo diz que não entrará no reino dos céus quem não for como uma criança. É a essa criança que somos chamados a evangelizar, é para ela o reino dos céus, o próprio Jesus disso isso, por isso não podemos deixar de evangelizar os pequeninos, mas desde já falar, anunciar e deixar nela o desejo de conhecer esse Reino que lhe pertence e do qual todos nós somos convidados a fazermos parte dele, o que precisa de nós é somente deixarmo-nos ser de Cristo. 

7. Para finalizarmos, deixe uma breve mensagem para os pequenos missionários da IAM, para que não se deixem desaminar na missão de ajudar e evangelizar todas as crianças do mundo.
“deixai as crianças virem a mim. Não as impeçais, pois delas é o Reino de Deus. em verdade vos digo: aquele que não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele”. (Mc 10, 14-15) Jesus sabia muito bem da importância daquelas crianças, por isso não negava o seu amor a cada uma delas. As abraçava, beijava, as amava. 
Não tenham medo crianças, jovens adolescentes do que Deus pode estar guardando para vocês, antes de qualquer coisa seja amigo Dele. Quando temos amigos neles confiamos e contamos tudo. Assim também é com Cristo, conte a ele sobre você, converse sobre seu dia, fale das suas dificuldades, dos seus erros, mas acredite com certeza que Ele as escuta. Seja amigo de Cristo e ele será sempre seu amigo. Seja filho e ele sempre o terá como tal, pois é o nosso Pai. Seja sincero e sempre aberto a escutá-lo e quando for necessário saiba escutar o “não” que às vezes recebemos Dele. Não tenham medo de evangelizar e ser evangelizador, seja feliz por isso, pois Cristo nos confiou difundir o seu Evangelho por toda a terra. É porque Ele confia em nós, assim como também Cristo espera de nós o que podemos oferecê-lo, que é a nossa própria vida dada por amor a Ele. Podemos pensar que vivendo neste mundo temos tudo, mas na verdade só teremos de fato tudo se também temos a Cristo. 
Coragem! Não desista. E como disse São João Paulo II, não tenham medo, Cristo não nos tira nada. Ele nos dá tudo. 


Saiba um pouco mais sobre a infância do nosso querido irmão Douglas:
Nasci na cidade de Osasco – SP e passei parte da minha infância nessa cidade. Tenho pai e mãe vivos como também quatro irmãos, sendo três por parte de mãe e uma por parte de pai. Os meus vínculos com a minha família sempre foram muito seguros e permanentes, seja à distância seja estando perto, do mesmo modo o meu carinho por meus irmãos e demais familiares. Quando completei seis anos, estava morando com meus avós paternos e por uma grande necessidade eles tiveram que se locomoverem de São Paulo para viverem na Bahia, foi um momento de muita tristeza, pois aqui deixamos os familiares, os amigos e toda uma vizinhança que fazia-nos sentir não como vizinhos, mas sim, como irmãos. 
Fui crescendo em Teixeira de Freitas, lá tive que conquistar novos amigos e aprender a adaptar a nova realidade de estar longe de tantas pessoas queridas. Na escola, na igreja, na rua, em casa, ia sempre demonstrando por meio de brincadeiras que logo foram se tornando tão sérias, o meu desejo de um dia ser padre. Causava espanto em todos, mas não me envolvia no que achavam ou deixavam de achar essas pessoas, o que queria era no futuro ser sacerdote, brincava de celebrar a missa e me vestia tal qual o sacerdote, buscando representar o que ele fazia, mas sem entender o que realmente ‘ele fazia’ mesmo que embora ainda não tivesse consciência do que queria. Os anos foram passando, chegou o dia da Primeira Comunhão, logo mais o tão esperado momento da Confirmação com o santo óleo do Crisma, pelo qual todos nós jovens já passamos e com ele somos selados para o serviço do Reino de Deus, enfim por ele, como também primeiramente, pelo nosso Batismo nos tornamos cooperadores desse reino que se estende por toda a Terra. 
Existia dentro de mim um desejo e já não conseguia mais escondê-lo nem das pessoas, nem muito menos de mim mesmo. Tentei fugir, tentei desviar, tentei fingir, mas terminei percebendo que para aonde eu ia, lá estava ele, sempre mais me inquietando a alma. 
Meu Senhor do Céu e agora?... É como um jovem que está apaixonado pela moça bonita da escola, não consegue fazer nada se não pensando nela, tenta se distrair, mas termina se lembrando dela, para onde quer olhar deseja sempre encontrá-la, bem ali, no seu campo de visão e ainda mais, quando vai conversar com os amigos de quem que ele mais fala? Dela, lógico. É realmente bem assim, porém, quando vai se aproximar da menina dos seus sonhos não consegue, pois lhe faltam as palavras, o coração não se tranquiliza, e a saliva foge de sua boca. O meu encontro com Jesus Cristo se deu dessa maneira. Tentei fugir dele e não consegui, mas enfim, como diz a canção, “mas a Tua força venceu-me e ao final eu fiquei seduzido”.  Pronto, estava já claro para todos os meus amigos e também a minha família o que eu queria ser. Ser padre. No começo não foi fácil, mas foi a força do Espírito Santo que me impulsionava a cada manhã a levar a diante aquele chamado que sentir ter vindo de Deus. Amor à oração, o santo terço, a leitura das Sagradas Escrituras, a Santa Missa aos domingos e as adorações eucarísticas nas quintas-feiras e quando podia também em outros momentos. Durante este tempo formativo no propedêutico tive comigo um pensamento de Santa Teresa de Jesus que me acompanhou e acompanha até hoje, que diz o seguinte, são felizes as vidas que se consumirem no serviço da Igreja. Com isso, a convivência em casa, na igreja e na escola foram os lugares aonde eu exercitava a resposta desse chamado divino e o desejo de ‘consumir’ a minha vida no serviço da Igreja. 
Terminei o Ensino médio e ingressei então no seminário introdutório, chamado de propedêutico, ali mesmo na cidade onde morava, e posso dizer que foi uma das mais belas e intensas experiências já vividas por mim. O deixar casa, pais, amigos e bens materiais para permanecer somente com aquilo que é necessário para aquele tempo proposto, me fez lembrar aquele Evangelho em que Jesus diz que quem o quer seguir deve deixar tudo para no fim, alcançar a vida eterna. (Mc10, 29-30) Encerrado o ano, a primeira etapa da formação, agora já podia ir um pouco mais à frente, foi quando então retornei a São Paulo para estudar filosofia, onde estou atualmente e pela graça e bondade de Deus, tenho a alegria de ter por perto meus amigos desde aquela infância iniciada ainda quando morava aqui, e sem contar também com o apoio dos meus parentes que ainda residem em Osasco, pelos quais garanto meu amor e minha admiração. 
Por fim, não deixei de ser o jovem que eu era antes mesmo de sentir o chamado, mas agora vivo com intensidade minha juventude, sendo que ela não me pertence mais no sentido de esbanja-la e torna-la o meio pelo qual ter prazer, mas antes pelo contrário, pois escolhi não pertencer mais a mim mesmo, porque como diz o apostolo São Paulo, não sou mais eu que vivo, mas Cristo que vive em mim. O que eu quero? Quero somente dar o meu tudo à Ele, viver para Ele e ser somente Dele: Jesus Cristo. 

Fraternalmente, 
Seminarista Douglas Antunes Lisboa 

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